...
...
Brasão da UFC
Curso de Engenharia de Petróleo
Fortaleza, quinta-feira, 25 de abril de 2024
© 2024 STI/UFC
Início seta Petróleo seta Separação e Transporte
Separação e Transporte Imprimir

Desde a sua descoberta no fim do século XIX, o petróleo ganhou espaço e relevância na sociedade, sendo matéria-prima essencial para o bem estar dela, devido à gama de produtos que se derivam dele, como tintas, inúmeros tipos de plásticos, vestimentas e combustíveis. Com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, descobriu-se reservas de petróleo em todo o mundo, impossibilitando a até então usual implatanção de refinarias próximas às fontes de extração de petróleo. Dessa forma, foram introduzidos e aperfeiçoados os meios de transporte do óleo, desde as fontes de extração no mar ou na terra até às refinarias. Com isso, passou-se a adotar uma regra básica para o transporte do óleo, a qual afirma que o meio de transporte depende, exclusivamente, da distância entre a área extratora e a área refinadora.

Modos de Transporte:

  • Dutoviário: Esse modal consiste na utilização de grandes tubulações metálicas que conduzem o óleo do campo até à refinaria, sendo a forma mais econômica, pois evita custos extras com fretamento de caminhões-tanque e reduz impactos nas rodovias. Em contraponto, é o meio mais lento de transporte devido a sua velocidade média, entre três(3) e quatro(4) mph, mas, em compensação, seu fluxo nunca cessa e, consequentemente, sua eficiência quando comparada aos outros meios, é melhor.

  • Rodoviário: Consiste na utilização de caminhões-tanque, que são caracterizados por possuírem reservatórios únicos ou segmentados, possibilitando o transporte de variados derivados, através das rodovias. Sua grande desvantagem é a necessidade de pessoal especializado para a condução, carga e descarga das matérias-primas. Sua principal vantagem é a mobilidade facilitada e a disponibilidade para várias regiões.

  • Ferroviário: Consiste no uso de trens adaptados para o transporte do petróleo e seus derivados, através de vagões de aço, possibilitando uma maior carga, justamente, por utilizar uma grande quantidade vagões de uma só vez, mas deve-se levar em conta que isso afeta a velocidade da composição. Além disso, tem-se um dispêndio excessivo de tempo para carga e descarga do material transportado.

  • Hidroviário: Consiste na utilização de embarcações denominadas de navios-tanque, sendo especialmente adaptados com enormes reservatórios, o que representa sua grande vantagem. Além disso, observa-se que este meio de transporte favorece as trocas intra e intercontinentais, devido à capacidade de cruzar massas aquáticas(fluviais ou marítimas), mas deve-se levar em conta a necessidade de equipamentos complexos e de infra-estrutura portuária desenvolvida para permitir a boa utilização das embarcações. Utiliza-se diversos tipos de embarcações para transportar hidrocarbonetos, o quais se diferenciam pela capacidade de carga. LCC : Large Crude Carriers (45.000 até 68.000 tons), VLCC: Very Large Crude Carriers (250.000 até 270.000 tons) e ULCC: Ultra Large Crude Carriers ( aprox. 400.000 tons).
 

Engenharia de Separação:

Quando o petróleo é extraído, seja do fundo do mar ou de um campo terrestre, ele vem associado ao gás e à salmoura, a qual consiste em uma mistura de água, sedimentos sólidos e sais minerais diversos. Nesse ponto, o petróleo é denominado de cru e, se for transportado nesta condição, independentemente, do tipo de transporte, graves danos estruturais surgirão, fragilizando e aumentando a probabilidade de acidentes. Pode-se citar como prejuízos, a ocorrência de corrosão e explosão, associados ao gás, e incrustações, devido ao acúmulo de sedimentos, além de engrandecer os custos com bombeamento e elevação. Para evitar todos os supracitados problemas, foi-se desenvolvido o processamento primário, o qual objetiva purificar o petróleo extraído, através do estabelecimento de duas (2) etapas.

  • Primeira Etapa: Denominada, genericamente, de separação gás-óleo-água, consiste na utilização dos conceitos de decantação, focando na separação das três (3) fases possíveis, que são a aquosa, a oleosa e a gasosa. Esse procedimento ocorre dentro de um equipamento chamado de separador trifásico, o qual age por gravidade e diferença de densidade. Após esse procedimento, consegue-se obter um óleo mais limpo, sem impurezas, denominado de óleo estabilizado.
  
  • Segunda Etapa: Ao passar pela separação trifásica, o óleo, normalmente, ainda contém micro gotículas de água aderidas à estrutura molecular dos hidrocarbonetos, gerando uma emulsão água-óleo, definida como uma mistura de líquidos imiscíveis, na qual uma fase dispersa(água) está, finamente, distribuída na fase contínua(óleo), produzindo uma mistura estável. Com o intuito de purificar ainda mais o petróleo, faz-se a segunda etapa do processo, denominada de “desidratação do óleo”, a qual visa retirar as micro gotículas de água, por meio da inserção de agentes surfactantes (desemulsificantes), que têm como função promover a junção dos glóbulos de água, que, naturalmente, se separam do óleo, deixando boa parte dessa água emulsionada separada do óleo, que se torna pronto para ser enviado à refinaria. A partir dessas duas etapas, o petróleo atenderá as especificações exigidas pelo refino: mínimo de componentes mais leves (gases), quantidade de sais abaixo de 300 miligramas por litro (300 mg/l) de óleo e quantidade de água e sedimentos abaixo de 1% do volume total do óleo. Essa quantidade é conhecida como BS&W (Basic Sediments and Water - Água e Sedimentos Básicos).

 

Fonte: Texto produzido pelos alunos da Primeira Turma do Curso de Engenharia de Petróleo da UFC com base nos livros " O Universo da Indústria Petrolífera- Da Pesquisa à Refinação", de José Salgado Gomes. Fundação Calouste-Gulbenkian, Portugal, 2ª Edição, 2011 e "Fundamentos de Engenharia de Petróleo", de José Eduardo Thomas. Editora Interciência, 2001.